Quicabo - Angola

Quicabo - Angola
Foto de Vasco D'Orey, montagem de Garcia Ferreira

Encontro em Castro Daire

FOTO DE FAMILIA

FOTO DE FAMILIA

MENSAGEM DO CAPITÃO MATIAS

O texto abaixo foi retirado de uma mensagem que o Capitão Matias enviou ao nosso camarada Aniceto Pires...

"Caros Companheiros:
ao cuidado de Aniceto Pires

Dirijo-me a todos, por seu intermédio, para o e-mail que descobri agora na Internet.

Eis que ressurjo das cinzas, qual fénix moderno, para dizer que ainda sou vivo. Sei que vou parecer um fantasma, atrasado no Tempo, pelo menos é assim que me sinto neste momento, quando já atingi a casa dos 70, passados que são 3,5 décadas...

Que dizer aos velhos Companheiros de 35 anos atrás? É difícil explicar tanto descompasso meu, mas a Vida nos conduz por caminhos surpreendentes e imprevisíveis. Acontece que só à entrada do século XXI tive pleno acesso à Internet e, antes, jamais me ocorreu consultar algum site relacionado ao BCAÇ 3838. Inevitavelmente, isso acabou por acontecer, exatamente ontem. Limpando velha gaveta do antigamente, dei com o estandarte glorioso de nosso Batalhão, puído pelo pó dos anos, carcomido de traça, mas ainda incólume, Excelente e Valoroso, incrustado em seu mastro metálico, meio ferrugento. E aí surgiu a idéia peregrina de consultar o computador. E não é que deu certo?

Dado o lapso de tempo percorrido, vale dizer a vocês todos o que ocorreu comigo nestes 35 anos. Sem querer ser enfadonho, ou impôr minha presença, faço a seguir breve sinopse desse período, para mero conhecimento:

1971 - Começo da saga. Aí vamos nós, no saudoso Vera Cruz, em 17/04, comandados pelo Ten Cor Columbano Líbano Monteiro e o sempre jocoso major Mexia Leitão, personagens que, de quando em vez, recordo com muito carinho e saudade.

1972 - Face à minha expressa inabilidade para as artes guerreiras de uma CCAÇ, a 3340, o comando da RMA decide transferir-me para a CCS do Batalhão. De certa forma, foi um atestado de incompetência a toda a prova, de que hoje ainda sinto um certo desconforto. Mas enfim, tudo pode acontecer na vida do cidadão: afinal eu não era militar de carreira, apenas um miliciano...Até aqui, todos sabem.

1973 - De volta ao solo pátrio da metrópole, somos desmobilizados e eu volto ao emprego anterior. Mas diversos acontecimentos militares que antecederam o célebre 25 de abril (que prefiro não comentar) me levam a uma insegurança e até desilusão e acabo estudando proposta de trabalho no Brasil.

1976 - Concretiza-se a proposta de trabalho e eis-me de abalada para o Rio de Janeiro com toda a família.

1977 - Não sei bem como, mas acabo por receber uma proposta do próprio Governo Português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, para permanecer em terras brasileiras e assumir o cargo de vice-cônsul da República Portuguesa para os Estados do Paraná e Santa Catarina, na cidade de Curitiba, o que acabo por aceitar.

1995 - Lisboa reconsidera meu retrospecto e me aposenta. Encurtando, hoje vivo aqui em Curitiba, com toda a família.

Espero que não tenha incomodado o amigo, nem os demais, com minha história, mas penso que devo esta atitude de me localizar, embora tardia.

Segue minha identificação, para relembrar vossa memória:

Fernando Manuel de Jesus Matias
Número mecanográfico: 31100659
CCAÇ 3340 e CCS do BCAÇ 3838 (comandante de Companhia)

e-mail:
mematias@terra.com.br <mailto:mematias@terra.com.br>
ou:
mematias20@gmail.com <mailto:mematias20@gmail.com>

Aguardo notícias vossas, quando puderem, sobre o que ocorreu com vocês, nestes 35 anos de ausência.

Abraços a todos, quer se recordem ou não de mim

Até de repente

Fernando Matias"

Recordo 1…


Recordo...

A longa noite em que viajámos de Santa Margarida para Lisboa – Cais da Rocha.

As centenas de pais, mães, mulheres, filhos, namoradas, familiares e amigos que no cais acenavam um último (infelizmente para alguns foi mesmo o ultimo) adeus, enquanto o Vera Cruz se afastava.

Os dias passados a bordo que de algum modo serviram para cimentar amizades, delinear estratégias, formar equipas, viver a adversidade em conjunto num clima calmo.

A chegada a Luanda (o monstro estava diante de nós naquela baia lindíssima), a viagem para o Grafanil naquele comboio horroroso atravessando musseques da periferia de Luanda.

O dia D: distribuídas as armas, forma-se a coluna militar (curiosamente em camionetas civis) que nos levaria para a mata, para a guerrilha, para todos os nossos “medos”, para Quicabo, Balacende e Maria Fernanda, eram os “maçaricos” do B. Caç. 3838 em marcha.

A longa caminhada para Quicabo, a passagem pelo Cacuaco, Tentativa, Caxito, Mabubas… ai Mabubas… a partir daqui o coração apertou, os medos bailaram nos nossos olhos e mesmo até aqueles que como um certo Alferes que para ser forte dizia que nem queria uma arma mas á cintura levava 5 ou 6 granadas, não deixaram de sentir um arrepio frio. Enfim Quicabo estava á frente dos nossos olhos e perante a tristeza de uns estava a alegria de outros.

O conhecer daquele lugar onde deixaria 2 anos da minha vida, faria muitos amigos, viveria momentos de muita saudade e outros que não deixariam saudade alguma…

Garcia Ferreira

Para mais tarde recordar e simultaneamente para cativar alguns "sempre ausentes" que nunca tiveram o privilégio de encontrar o sabor da amizade ...







IMAGENS DE PASSADO RECENTE

Meus amigos,
Continuo á espera de receber notícias vossas para as poder postar neste blog, mas passado um ano do desafio que vos fiz continuo a aguardar fotos, textos ou outros de interesse para todos nós, sendo assim vou publicar algumas fotos de encontros passados.
Seguem fotos do almoço de Almeirim promovido pelo Amigo Feijão a quem envio um grande abraço...