Quicabo - Angola

Quicabo - Angola
Foto de Vasco D'Orey, montagem de Garcia Ferreira

Encontro em Castro Daire

FOTO DE FAMILIA

FOTO DE FAMILIA

O MEU PELOTÃO


Era o meu pelotão o terceiro da C.Caç 3340, pertencente ao B.Caç 3838, que tinha como comandante o Alf. Mil.  Magalhães, secundado pelos furriéis Paim Vieira e Lourenço, sendo também composto por alguns cabos, como o Coelho e o Carvalhito (este mais tarde transitou para a messe de sargentos), e por vários soldados/praças, alguns, numa pequena percentagem, sendo originários de Angola.
 
Embora organicamente cada pelotão de combate (também se designando por grupo de combate),  devesse ser formado por um alferes, 3 furriéis,  3 a 4 cabos e o restante por praças, num efectivo total de cerca de 33 militares, o certo é que a generalidade das companhias de caçadores iam incompletas para os vários teatros de guerra. Só já no terreno de actuação é que eram complementadas com os efectivos em falta, normalmente incorporando tropas/praças, naturais do território.
 
Quanto aos sargentos, raras eram as companhias operacionais que, nos seus 4 pelotões, tinham mais que 2 furriéis por cada um, para já não falarmos das patentes superiores, nomeadamente a nível de sargentos, tenentes e majores do quadro, isto é, não milicianos, dado a escassez de militares, desse tipo, para preencherem os respectivos lugares orgânicos.

Mas voltando ao meu pelotão, também ele foi complementado com 8 praças, todas de raça negra, que também deram o seu melhor e o seu  prestimoso contributo para que, no final da nossa comissão, todos pudéssemos dizer "dever cumprido". É certo que, por vezes, esta tropa negra se revelava menos colaborante, nomeadamente quando, em acções estritamente militares, se recusavam a incendiar as palhotas, tabancas ou os aquartelamentos no mato, ou quando se procedia à destruição das lavras e culturas do IN.

Tal atitude já na altura era facilmente desculpável, por compreensível, dados os laços de sangue, e até de parentesco, que eventualmente poderiam ligar os contendores opositores entre si. Com provável certeza, cada um dos nossos soldados negros, agora e por força de circunstancialismos diversos, tinha um amigo, um parente, quiçá um familiar, que guerreava no mato, obrigado ou não, contra as nossas tropas.  Não obstante, eles estavam do mesmo lado da nossa barricada. Como poderíamos,  então, deixar de não ser sensíveis a este antagonismo vivido diariamente por cada um dos nossos soldados negros?!

De qualquer modo, foi no seio deste maravilhoso e dedicado grupo de combate que vivi dos mais gratificantes momentos da minha juventude. Numa altura em que se construíam os primeiros projectos de vida, o serviço militar obrigatório consistia, para qualquer jovem, num interregno forçado, numa barreira intransponível impossível de contornar, quando não num colapso total quando nos atingia o infortúnio da morte.

Para que conste, e em honra desses valorosos soldados do 3º pelotão da 3340, aqui se mencionam os seus nomes (os ainda não esquecidos, porque infelizmente o nome de alguns já o tempo conseguiu esquecer). De uns e de outros fica a grata memória das suas pessoas e a eterna gratidão por me acompanharem nesse dito interregno de nossas vidas: Alf. Mil. Magalhães, Quadrado, Ribeiro, Gonçalves, Coelho, Furriel Lourenço, Mónica, Carvalho, Carvalhito, Soares, Bernardo, Furriel Paim Vieira e os outros.

Lourenço, ex-furriel da 3340.

1 comentários:

António Fernando Ribeiro de Magalhães disse...

Olá, Lourenço.
Sou o ex-alf. Magalhães e fiquei imensamente comovido ao ver esta foto do nosso 3º grupo de combate.
Vejo que estás com a memória ainda muito viva do nosso passado.
Apenas fui ao 1º encontro que se realizou aqui no Porto e não voltei por motivos que aqui não posso revelar mas que pessoalmente te poderei contar, se quiseres, através do meu e-mail: afrmagalhaes@iol.pt ou do meu telemóvel que te enviarei se quiseres entrar em contacto comigo pelo teu e-mail.
Aproveito para dar um grande abraço ao Garcia Ferreira e para lhe dar os parabéns por este belo BLOG que serve de ponte entre todos os nossos camaradas internautas. Um abraço, grande Garcia Ferreira e qualquer dia entro em contacto contigo através do teu e-mail.
Se alguém quiser contactar comigo pode fazê-lo por e-mail.
Um abraço para todos os elementos do 3º grupo de combate da 3340.
Um abração para ti, Lourenço, e fico à espera de notícias tuas.