Acabo de ler o mail que me enviou e que com a sua autorização publicarei de imediato.
Confesso que embora seja da mesma arma que o meu amigo, possivelmente até fui seu instrutor em Caçadores 5, não me recordo de si, já agora e a talho de foice sou a dizer que tenho imensas saudades do meu amigo Alves, seu furriel de transmissões e quem nunca mais vi desde que regressámos de Angola, se por acaso souber alguma coisa dele agradeço-lhe que me informe.
Quanto ao que diz no seu mail, que eu não contesto de modo algum, quero apenas dizer-lhe que o que me move em relação aos nossos encontros é apenas o convívio das amizades que criámos naquelas terras longiquas, com o apadrinhamento do isolamento que mais ou menos todos vivemos.
Pois quero com isto dizer-lhe que os discursos mais ou menos inflamados que alguns camaradas proclamam, não me dizem nada e só os ouço se quiser, o que verdadeiramente me interessa é o convívio e a amizade dos presentes que muitas vezes passam o tempo a falar dos "ausentes".
Chegado aqui, apraz-me dizer-lhe que os ditos "ausentes" são na maioria das vezes os camaradas de outras companhias, como por ex. a 3341 e é nesse sentido que no blogue tenho apelado a vossa presença.
Amigo Manuel Pacheco, resta-me apenas acrescentar que este blogue está também ao serviço da CCAÇ. 3341 quer apareçam ou não no convívio do Batalhão e se me convidarem para os vossos convívios terei muito gosto em comparecer.
Grande abraço
Garcia Ferreira
Garcia Ferreira:
O meu nome é capaz de lhe dizer algo pois ambos pertencemos ao Batalhão 3838. Pertencia á Companhia 3341 e era Rádio Telefonista. Vem isto a propósito, não me recordo do senhor, da sua insistência em que os elementos que fizeram parte da Companhia 3341 se juntem nas celebrações anuais do Batalhão.
Fui dos primeiros a aderir a este evento na década de setenta, julgo que 74, 75 no Porto, próximo do Cavalaria 6, onde compareceram alguns elementos. Quem foi o iniciador deste invento foi o ex – Furriel Oliveira, nessa altura era funcionário da PT, não sei se já tinha esta denominação, como tinha facilidades fazia os contactos. Continuei a ir a esses convívios nos vários pontos do País e fazíamos o nosso ponto de encontro à beira do mercado Bom Sucesso e dali partíamos ou viaturas próprias ou em autocarros. Como vê era um seguidor antigo. Com isto não quero dizer que a antiguidade tenha mais regalias, mas deve ser tratado como tal.
Acontece que em vários convívios, da 3341 não éramos muitos, mas éramos dos bons. Sempre prontos para o que desse e viesse, isto no bom termo da palavra, porque não embarcava em nacionalismos, em discursos fanáticos como acontecia com um ex – Soldado, referente à minha Companhia.
Como quem não se sente não é filho de boa gente, e eu julgo ser, deixei de ali comparecer e resolvemos fazer os nossos convívios. O figurino foi quase igual. O ex – Soldado, Alves, meu colega de Companhia e Especialidade desempenhava funções de polícia nas transmissões daquela corporação e avançou com a ideia de uma concentração que se deu na Buraca em Lisboa.
Em boa hora o fez. Aqui éramos todos camaradas, tirando as rivalidades das Especialidades que cada um tinha, essas rivalidades são salutares para o bom desempenho das missões para cada um dar o seu melhor. Como dizia em boa hora o fez porque matávamos saudades da nossa vivência durante vinte e três meses que estivemos isolados. Aqui o A era igual ao B e assim sucessivamente. Nenhum vinha com discursos inflamados e se o fizesse era logo calado pela maioria. Não era o caso dos convívios do Batalhão. Não havia ninguém a dizer a essa pessoa que estávamos ali com a finalidade de unir e não desunir. Não era a nós, poucos, elementos da 3341 a mandá-lo calar.
Julgo que tudo isto acontecia porque éramos órfãos de Comandante de Companhia. O nosso novo Comandante de Companhia era um Alferes e aqui sentíamos que não tinha peso para tomar posição acerca desse “orador”. Aliás o ex - Alferes Soares tudo fez para nós nos reunirmos no convívio do Batalhão e acabarmos com o nosso. Não levou a sua avante, deixou de comparecer, mas nós democraticamente optamos pelo nosso convívio anual e tem sido um sucesso.
Por tudo isto relato-lhe o meu ponto de vista, julgo ser o de todos que compõem a Companhia 3341. Pode pôr este texto no blogue do Batalhão que eu autorizo. Por um lado serve para não caírem em erros iguais aos que foram cometidos com a minha Companhia.
Quem meus filhos beija minha boca adoça.
Envio cumprimentos a todos elementos, muito em especial, ao ex – Furriel Oliveira.
Manuel Maria Ferreira Pacheco, ex – Soldado Rádio Telefonista nº. 112814/70.
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